quinta-feira, 27 de novembro de 2008

De Anísio a Dionísio



A dica é do antenado Notícias de Ibiassucê: de hoje até domingo Caetité promove o Festcasa, festival de teatro De Anísio a Dionísio, na casa de Anísio Teixeira.

Produzido pelas fundações Anísio Teixeira e Cultural do Estado da Bahia, o festival tem como parceiros a Universidade do Estado da Bahia-UNEB e as Prefeituras Municipais de Caetité e de Vitória da Conquista.

Além dos espetáculos de palco e de rua, há também oficinas, mini-curso sobre a história do teatro moderno brasileiro e baiano, palestra sobre a história do teatro em Caetité, sessão pública de leitura dramática, workshop sobre elaboração de projetos culturais e um cortejo cênico. Confira a programação aqui.

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Marepe - de Santo Antônio de Jesus para o Mundo

“...Marepe declara: "fiz essa obra inspirado em uma amiga, que aos trinta e seis anos permanecia virgem". Pintada com cores quentes, a escultura traz uma mulher loira, apenas de calcinha vermelha e sapatos azuis, sendo que tanto o babado branco da calcinha quanto o modelo dos sapatos - conhecido como sapato boneca - lembram a infância, pela delicadeza. O buraco da fechadura sobre a calcinha, na região do órgão sexual, indica, em concordância com o título da obra, uma porta que nunca foi aberta. Segundo o artista "o gatinho sobre a perna da donzela segurando tranqüilamente a chave representa o príncipe encantado pelo qual a virgem espera e seu corpo coberto com quadriculados coloridos lembra a colcha de retalhos, o universo popular do interior da Bahia. Além disso, a maçaneta presa às costas sinaliza a casa e o ambiente doméstico, a influência da família." A moça grita, revelando seus dentes brancos (dentadura postiça que o artista incrustou na escultura, assim como fez em Precoce jogo) em contraste com sua face ruborizada. O desejo lhe consome e o tempo passa: seu corpo já não é mais como o de uma ninfeta, porém permanece intacto: não lhe deu prazer, não se entregou, não procriou. Está fechado e a maçaneta que se encontra fixada nas costas, está intocada ...” Veja mais aqui.


Marcos Reis Peixoto, o Marepe, nasceu em Santo Antônio de Jesus em 1970, onde vive e trabalha . Foi revelado pela I Bienal do Recôncavo, em 1991, com a premiação da virgem (acima).
Expôs na Bienal de Veneza em 2003, Bienal de São Paulo em 2002, Bienal de Sidney em 2004, Bienal do Mercosul em 1999. Além do Centro Georges Pompidou (França) e Museu Reina Sofía (Espanha) entre outros centros de arte mundo afora.

Falar em Centro Cultural Dannemmann, a VIII Bienal do Recôncavo está aberta à visitação, em São Félix, até 8 de fevereiro de 2009.

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Sites das cidades

O 416 destinos abre um novo registro, com os sites das cidades da Bahia, logo depois do último blog da lista ao lado. Começa por Mundo Novo, Território de Identidade Piemonte da Diamantina, que colocou na rede um álbum de fotos antigas da cidade.


quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Parque Nacional da Chapada Diamantina


Recorro mais uma vez a uma imagem de Fernando Vivas para falar do Parque Nacional da Chapada Diamantina.

A situação não é simples. Quando chega a seca, a mata se transforma num pavio.

As causas podem ser criminosas ou não. Pode ser simplesmente ignorância, desleixo ou até acidente mesmo.
Mas o fogo envolve também interesses de caçadores, garimpeiros, agricultores.
A solução, se é que existe, passa de qualquer maneira pelo envolvimento da comunidade que vive dentro e no entorno do parque. Não adianta somente vigilância. É preciso consciência e envolvimento de todos.A situação não é simples.
Trago aqui um recorte deste problema, na forma de um desabafo do Analista Ambiental Cezar Neubert Gonçalves, do Ibama/ICMBIO, que circula na internet.

Peguei o texto na lista de jornalistas. Vale pelo tom emocional de quem vive o problema de dentro.

Confira:

"Há momentos na vida em que precisamos fazer balanços e avaliar nossos rumos, para vermos que direção iremos tomar. Hoje, completo 39 anos e dentro de quatro dias completarei seis anos de serviço no IBAMA/ICMBIO. E sou obrigado a concluir que foram seis anos perdidos. Tudo o que fazemos é inútil. Este parque nacional perdeu o sentido de existir. Exagero? Mais de 50.000ha queimados só dentro do PNCD, fora as áreas ao redor. Toda área do PNCD ao sul de Mucugê foi destruída. Isto significa que provavelmente algumas espécies endêmicas do parque foram extintas. Entre os animais, os pequenos mamíferos vão morrer de fome, pois não há o que eles possam comer. As aves, que estavam nidificando, devem ter perdido suas crias. Esta é uma tragédia sem precedentes. De minha parte, fica a sensação de impotência e de ter trabalhado todo este tempo em vão. Todos os esforços para elaborar o plano de manejo da unidade, todo o esforço para ver se saímos do atoleiro burocrático das questões fundiárias, todos os outros trabalhos, tudo sem sentido. Isto não é vida.
O que causa isto tudo? A verdade é que a gente faz de conta que administra um parque nacional. Ou alguém em seu juízo normal pensa que uma área com 152.000ha, com mais de 100 famílias morando dentro, cercada por cinco cidades que, de alguma forma, dela se utilizam para atender a suas necessidades, pode ser administrada por cinco analistas ambientais e está tudo bem? Pelo que eu ouvi de um colega de Brasília, decerto sim, pois ele teve o despautério de me dizer que nos EUA as UC federais tem apenas um servidor federal, o resto é estadual ou municipal, ou mesmo particular (umas três mil pessoas). Bem, três mil pessoas é provavelmente muito mais que todo o efetivo da Secretária de Meio Ambiente do Estado da Bahia. Mas este colega vive realmente em outro mundo, já que queria que participássemos de uma reunião fora daqui e se sentiu ofendido quando dissemos provavelmente não poderíamos mandar ninguém devido à tragédia que enfrentamos.
É esta maldita divisão do IBAMA/ICMBIO? O setor do IBAMA que cuida do combate aos incêndios já não vai mais atuar nas UC no ano que vem. O setor do ICMBIO que cuida disso conta com três ou quatro pobres coitados que vão ter que rebolar para dar conta dos problemas. E quando chegar outubro do próximo ano? Não vou usar palavras de baixo calão, mas dá vontade. O IBAMA da Bahia não está nem aí para a questão do fogo. E a estrutura do PREVFOGO, vão fazer o que com ela? Formar brigadas municipais na Amazonia, como fizeram este ano. E aí tome chamar os colegas no meio da temporada de incêndio para ministrar cursos em outras partes do País, porque faltam instrutores, como também aconteceu este ano, quando nosso gerente de fogo teve que vir às pressas de Sergipe onde tinha sido mandado, contra a nossa vontade, para dar apoio a outras UC. Nada contra apoiar outras UC, mas no meio da temporada de fogo?
E o Equipamentos para os brigadistas? Fora o problema dos coturnos de má qualidade, que pode acontecer, fica a questão dos voluntários, que até agora não receberam os EPI. Já mandamos diversas vezes listagens e mais listagens com as relações dos voluntários, mas nada!! E temos 150 caras apagando fogo dentro da UC sem equipamento. No dia em que um deles se machucar feio, quero ver quem vai se responsabilizar. Isto sem falar no tal seguro, que era para vir e até agora nada.
O que ficamos vendo, o tempo inteiro, são nossos superiores imediatos batendo cabeça, atolados em mil coisas a fazer, sufocados no meio da loucura destas instituições falidas. Muitos têm até boa vontade, nem que seja para dizer que, no meio desta desgraça, alguma coisa boa vai acontecer. Duvido. Na verdade, acho que era hora de pensar em acabar com esta falácia e extinguir o PNCD. Podemos criar uma outra coisa no lugar, como uma Flona. Estou tentando ser pró-ativo e salvar alguma coisa. Com a FLONA, nós poderíamos corrigir uma série de problemas que hoje, com o parque, são impossíveis, como regularizar a extração mineral na área, manter as comunidades, organizar a coleta de sempre-vivas, produzir mudas de espécies nativas, manter e ordenar a visitação, e até fazer o fundo de pasto em áreas de gerais. Não mudaria muito em relação ao que já existe hoje, além de aproveitar muito do trabalho já feito no PNCD, apenas adaptando o Plano de manejo e fazendo a regularização fundiária. E para nós, que vivemos aqui, seria uma vida muito mais fácil e feliz.
OU alguém acha que nós gostamos de ficar, como meus colegas, 10 dias seguidos sem ver filhos e esposas? Vendo seu filho acordar de manhã e dizer “adeus, papai” ao invés de “bom dia”? Isto sem contar com a revolta de brigadistas e outras pessoas da comunidade, que recaem sobre nós. É o caso de um dos lideres de brigada que já lançou manifesto na internet, como sempre atacando pessoalmente os servidores. Coitado! Sempre errando o foco! Não consegue perceber que o problema é mais em cima. Poderia ser quem fosse aqui, qualquer liderança ou chefe, o problema seria igual, porque o problema é estrutural: os órgãos é que são falidos! Além disto, o belo movimento de brigadas voluntárias que temos aqui só existe aqui – e este é seu problema: como vamos conseguir convencer os chefes dos irmãos siameses ICMBIO/IBAMA que isto é importante, se os outros 65 parques nacionais funcionam sem elas? E eles nem conseguem implantar políticas gerais para todas as UC, quiçá fortalecer e melhorar uma única experiência local. É um desafio conjunto. Mas quando não dá certo, o jeito é bater em quem está mais perto, mesmo que seja peixe pequeno neste mar de tubarões em que vivemos.
No estado de espírito em que estou agora, é provável que eu fosse para qualquer lugar onde quisessem me mandar (menos a Amazônia – se aqui é o inferno, lá é onde mora o diabo – quem trabalha lá sabe). É provável que amanhã eu mude de idéia. Mesmo a vontade de chutar o balde e me demitir também não deve se concretizar – tenho duas filhas em quem pensar e uma esposa que está estudando para concretizarmos um projeto, agora não é hora. Vou levar a vida e fazer o meu trabalho, mesmo sabendo que não serve para nada. Não tem jeito, por enquanto.
Finalmente, preciso deixar claro que tudo o que disse aqui é minha opinião pessoal. Eu vou utilizar os recursos disponíveis no parque, à revelia de meu chefe, para enviar esta correspondência, mas ele não sabe do teor – vai saber, é claro. E minha revolta é grande, mas acho que vou superar. Feliz aniversário, Cezar! Os que estão em casa agora, curtindo seu fim de semana, se puderem, lembrem de mim e de meus colegas. Mas duvido que isto vá acontecer. Amanhã, devo receber umas ligações de superiores dizendo: o que isto, Cezar? Você tem que ser mais político! Bom, venham para cá, no nosso lugar, que nós seremos mais políticos."

Cezar Neubert Gonçalves - Analista Ambiental"

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Audiência pública sobre contaminação em Caetité


A Tarde On Line, em 08/11:

"A audiência pública convocada pela Regional Guanambi do Ministério Público federal (MPF), ontem, no auditório da Rádio Educadora Santana de Caetité, foi marcada por muitas dúvidas e cobrança de providências diante da confirmação de contaminação por urânio da água servida à comunidade da Vila de Juazeiro. "Quero saber por que alguns animais, como bezerros, nasceram sem patas e sem cabeça e pintos nascem com as patas viradas desde que a "urana" (urânio) chegou na Vila de Juazeiro", ingadou o motorista Antenor Chagas, sem esconder preocupação com a repercussão das denúncias."

Deu no Anselmo.com. Os jornais baianos estão calados, até agora.

"Amanhã haverá audiência pública em Caetité, BA, sobre o caso de contaminação da água da cidade por urânio. O caso ganha corpo agora com a confirmação da contaminação por técnicos do governo da Bahia.
Há duas semanas, Gilberto Carvalho ligou para o Greenpeace para dizer que o governo estava preocupados e acompanhava o caso.

É que...
Periga a outorga de água da mina de urânio ser suspensa.
Se isto ocorrer, seca a única fonte brasileira de combustível das usinas nucleares de Angra.

Aliás...
Segundo o Greenpeace, estava previsto um carregamento de 200t de concentrado de urânio de Caetité para Salvador para ser transportado até o Canadá, onde seria enriquecido.
Mas a confusão adiou o carregamento e o navio canadense sequer atracou no porto de Salvador.


o outro lado

O urânio de CaetitéAs Indústrias Nucleares do Brasil contestam o Greenpeace e laudo de técnicos do governo da Bahia e garantem que o nível de urânio na água de Caetité, município do estado, está "dez vezes inferior ao limite estabelecido para a atividade de mineração pela Comissão Nacional de Energia Nuclear, que é de 0,3 milisievert".A empresa assegura que o problema não vai interferir nos transportes de carga de urânio no Porto de Salvador."